Instituto de Ensino e Pesquisa Liga Solidária promove a 3ª edição do CELiga
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+ Ler maisAo deixarem o Colégio, nossos alunos continuam seus passos rumo a realização de um sonho e conquistam o mundo. Assim como o Marcus Vinicius Sant anna Held Neves, formado em 2009 e hoje, é músico, pesquisador e professor, com apresentações até mesmo na Europa. vamos conhecer sua trajetória?
1. Você tem saudades de sua trajetória no Colégio Santa Amália? Conte-nos um pouco sobre ela.
Eu comecei a estudar no Colégio Santa Amália em 2003, na então chamada 5ª série (Ensino Fundamental II), e lá permaneci até a conclusão do Ensino Médio, em 2009. Hoje, mais de uma década depois, um percurso de 8 anos na escola não parece tanto. Naquela época, no entanto, parecia a vida inteira. Várias edições da Mostra de Contos e Poemas, dos Eventos Multidisciplinares (dos quais minha turma foi tricampeã, e venci a categoria de xadrez!) e da Copa Recreio (da qual meu time foi vice-campeão e a medalha está exposta na parede do meu quarto até hoje). Também tive a honra de vencer uma edição das Olimpíadas de Matemática, em 2008. Por fim, recebi, na Colação de Grau, um prêmio pelo meu desempenho acadêmico ao longo de todo o Ensino Médio.
2. Relate como seu percurso profissional foi influenciado pela educação /formação que recebeu quando foi aluno no Colégio Santa Amália e quais valores morais, éticos e culturais desse período escolar você carrega até hoje?
Detecto influências do Colégio Santa Amália em muitos momentos de meu cotidiano profissional. Muito mais do que pudera, um dia, imaginar. Veja: sou músico, pesquisador e professor.
Toco violino em muitos concertos na cidade de São Paulo e no interior, e já atuei também na Europa (até o momento possuo um acúmulo de experiência em mais de 300 concertos). Uma outra parte integrante da minha profissão é a pesquisa acadêmica. Sou Doutor em Música pela Universidade de São Paulo e desenvolvo pesquisa em nível de Pós-Doutorado na mesma instituição. Também atuo como pesquisador na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Grupo de Estudos da Performance de Instrumentos de Cordas (GEPInC). Da mesma forma, sou professor. Leciono Violino e História da Música no Conservatório de Tatuí, a maior escola de música e artes cênicas da América Latina. Finalmente, sou palestrante convidado de diversas instituições de ensino e pesquisa no Brasil, como o Instituto Baccarelli de São Paulo, Areté – Centro de Estudos Helênicos, Universidade Federal de Goiás (UFG), Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidade Estadual Paulista (Unesp), além é, claro, da própria Unicamp e USP.
Falando assim, de uma vez, parece muita coisa para se fazer em apenas 7 dias na semana. No entanto, enxergo-as como lados complementares de uma mesma atividade, que é a busca pelo saber. Sou, em última análise, um curioso por natureza. É nesse momento que fica evidente a influência do Colégio Santa Amália.
No âmbito artístico, por exemplo, tive a oportunidade de atuar em diversas montagens teatrais na Mostra de Contos e Poemas, que mencionei anteriormente. Sempre no segundo semestre, era um momento muito esperado por mim, pois era uma maneira que encontrei, à época, não apenas de me expressar publicamente, mas também de participar na concepção e na produção de um espetáculo que, lembro-me bem, era amplamente frequentado por amigos, pais e demais familiares. Encenei peças, declamei e escrevi poemas, toquei violino… era uma vivência artística intensa e importante.
Um outro exemplo: nas aulas de Arte, a professora Jussara Fonseca nos ensinava a ler criticamente as diversas manifestações do discurso iconográfico. Ela era bastante exigente, e lembro-me de ter muitas dificuldades. Com medo de ficar de recuperação (pela segunda vez) em sua disciplina, empenhei-me para compreender os conceitos, e fiz as atividades solicitadas com o afinco e seriedade necessários. Uma parte da avaliação trimestral envolvia atividade de campo, e precisávamos ter a responsabilidade não apenas de irmos a uma das exposições recomendadas pela professora, mas também de redigir e entregar um relatório sobre toda essa experiência. Sabe… é notório que o campo da Arte, no Brasil, é extremamente desvalorizado – em diversas esferas, devo dizer. Foi no colégio que percebi, desde cedo, que se trata de um ofício sério, complexo e, ao mesmo tempo, encantador.
Mal sabia eu que, no Doutorado, parte integrante de minha tese seria construída com todos esses mecanismos de pensamento e ferramentas que aprendi na escola! Sou muito grato, pois isso constitui um grande diferencial na pesquisa em música.
No âmbito acadêmico, as disciplinas de Humanas foram fundamentais para minha formação. Para as atividades avaliativas das aulas de História, Filosofia e Sociologia, ao longo de todo o Ensino Médio, escrevíamos muitos fichamentos e ensaios que, na universidade, foram extremamente úteis tanto do ponto de vista conceitual quanto metodológico. Por falar nisso, meu primeiro TCC (em Física, diferentemente do que poderíamos imaginar) foi realizado para a disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica.
Outro exemplo: as análises literárias. Não apenas líamos os clássicos – em verso e em prosa –, mas também debatíamos ideias, muitas vezes sem chegar a uma conclusão tácita: corriqueiro nas Ciências Humanas.
Sei que minha resposta está ficando longa, e não falei nem metade de tudo que me vem à mente agora, mas não posso deixar de mencionar o incentivo que recebi do Colégio Santa Amália para a atividade docente, que carrego até hoje.
Minha carreira na educação, costumo dizer, começou aos 14 anos de idade. Alguns professores perceberam meu entusiasmo nas apresentações dos inúmeros seminários que preparávamos para quase todas as disciplinas. Aos poucos, começaram a me convidar para apresentar a correção do dever de casa no início de algumas aulas, até que tive a oportunidade de dar uma aula de 50 minutos para todo o Ensino Médio reunido (a Coordenadora Pedagógica e a Diretora estavam presentes). Foi impactante para mim, e meus olhos ficam marejados só de lembrar. Foi o momento em que optei por nunca mais sair da escola. De fato, ainda não saí. Emendei Graduação, Mestrado, Doutorado e agora, aos 29 anos, Pós-Doutorado. Isso não terá fim (ufa!).
3. O que você pode sugerir para quem está terminando o Ensino Médio no Colégio?
Ler e escrever. Atividades básicas e simples, porém, pelo que vejo em minha atividade como professor em uma instituição pública, em processo de extinção na juventude do século XXI.
De novo, o Colégio Santa Amália incentivava a leitura e a escrita nas mais diversas atividades que compunham nossa experiência de aprendizagem. Isso foi determinante não apenas para minha trajetória profissional, mas também pessoal. O prêmio que recebi na Colação de Grau foi gasto com livros.
É graças à leitura cotidiana que compreendo meu papel como cidadão, como eleitor e como atuante na constituição da esfera pública. A leitura concentrada, crítica e constante molda nossa percepção da realidade e nos fornece subsídios para compreender o ser e o estar no mundo. A escrita nos evidencia aquilo que aprendemos e aquilo que ainda devemos aprender.
Meu conselho seria esse: ler e escrever cotidianamente. O poder dessa atividade é transformador.
4. Onde podemos acompanhar seu trabalho?
Eu tenho um perfil no Instagram, @musicapreterita, dedicado às reflexões sobre música e sociedade. Tenho, também, um canal no YouTube com alguns vídeos de aulas e concertos. Minha agenda de palestras e concertos pode ser conferida no meu site.
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