A sétima arte na sala de aula

Desde que surgiu, o cinema é compreendido como uma arte. Sua capacidade de encantar e reproduzir algo muito além da realidade possibilitou a construção de uma linguagem feita a partir de narrativas imagéticas. Muito mais que lazer ou divertimento, a sétima arte deve ser compreendida como instrumento de divulgação de ideologias, formas de pensar, modos de agir. Se usada corretamente, serve como fonte de cultura e informação, como importante instrumento de formação.

O mundo do cinema é um espaço privilegiado de produção de sociabilidade, uma prática social importante que atua na formação geral das pessoas. Por isso, devemos pensar a educação como um processo de socialização. Assim como um trabalho pedagógico o cinema busca a interação e o aperfeiçoamento do aluno na leitura de novos códigos, preparando-o para interpretar, produzir e reproduzir conhecimentos.

Ver filmes é uma prática social tão importante, do ponto de vista da formação cultural e educacional das pessoas, quanto à leitura de obras literárias, filosóficas e sociológicas. O cinema expõe imagens que, de certa forma, se apropriam de nossas angústias e desejos, às vezes com tal intensidade que confundem os sentidos que cada um de nós daria a essas mesmas angústias e desejos. A escola e o professor devem saber identificar tais recursos, quais as implicações psicopedagógicas no receptor, em que gênero de programa determinado conteúdo está sendo veiculado, se o conteúdo escolar está sendo revestido por uma mensagem ideológica mais precisa ou não.

Quando o cinema se torna uma prática frequente no espaço escolar é possível que professores e alunos se deem conta de como certos temas assumem relevância na sociedade, na medida em que se tornam públicos. No ato de ver e assimilar um filme, o público transforma-o, interpreta-o, em função de suas vivências, inquietações e aspirações. É importante salientar o quão necessário é desempenhar funções pedagógicas com cinema no processo ensino-aprendizagem, tais como motivar, contextualizar, aprofundar, diversificar pontos de vista, questionar e discutir, auxiliar a compreensão de processos e conceitos.

Trabalhar com filmes requer critérios de análise e estudo temático, saber seu objetivo, suas relações com a disciplina, suas possibilidades e suas orientações. Enquanto objeto de reflexões, em sua dimensão educativa, estabelece um importante contexto da construção de saberes. Por meio da cultura do audiovisual, a escola possibilita a difusão de conhecimentos, a formação de hábitos e comportamentos, bem como a constituição de memórias sociais ao organizar lembranças e vivências.

São inúmeras as vantagens do cinema na escola para os estudantes. Entre elas, a possibilidade de fortalecer o gosto pela arte, despertar a criticidade e reter a atenção dos alunos para assuntos que, normalmente, são repassados nas aulas. O discurso audiovisual torna-se um dispositivo que opera a partir de uma rede de saberes sociais, ou seja, as escolas devem propor alternativas mostrando que a ferramenta cinematográfica envolve uma relação entre a abordagem crítica, a leitura de filmes e a passagem à ação realização.

Texto por: Maria Zélia Dias Miceli, Gestora Colégios Santa Amália e Gerente Executiva Eixo Educação Liga Solidária.