Reflexão: Muito prazer! Sou a Semana de Arte Moderna
Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público...
+ Ler maisO ano começou anunciando tempos novos, a esperança do melhor no amanhã nascia como se florescesse a alvorada seguinte. O início de um ciclo carregado dos desejos que se deve ter no início dos novos tempos, parecia tudo igual.
Assim começou para nós, os professores. Impelidos pela alegria do recomeçar, turma fresquinha pronta para ser lapidada. O início proposto pela ideia ínfima do cativar, declarada por Exupéry no capítulo XXI do clássico Pequeno Príncipe. Retomamos nossas atividades revendo os colegas de anos de profissão, conhecendo os novos que se juntaram ao time, dinâmicas, workshops, palestras e cafés de boas vindas. Nossa tão amada rotina! Certos que no meio de todos os afazeres teríamos na melhor das hipóteses um bom ano, como todo novo ano deve ser.
Mal os motores começaram a esquentar, tivemos aquela paradinha chamada Carnaval e entre pesquisas sobre escolas de samba, alegorias, fantasias e marchinhas, a rotina foi instaurada. Sempre igual, como todos os anos são iguais.
Mas como um machado que encontra sua razão ao decepar o primeiro tronco, começamos a ouvir rumores que sem mandar um mísero prenúncio, nos levaram à realidade nua e crua, cheia de incertezas e crueldades, colocando-nos distantes da nossa tão querida zona de conforto. Mas somos professores, “raçudos” afinal de contas, não nos contentamos com o não saber, nem mesmo quando alguém diz que do outro lado do mundo estão combatendo um inimigo invisível.
As notícias tornaram-se mais próximas, os oceanos que nos separavam dessa mazela se fizeram suplantados e o coronavírus atravessou os mares e ancorou não na passarela. Quiçá! Atracou em todos os portos (literalmente em vários) e o medo e o desespero se fizeram vis nas pessoas que tão rapidamente sucumbiram aos montes em todas as línguas e povos.
O único alento foi reconhecer que por ironia do destino – os cientistas e acadêmicos vão se zangar – as crianças não foram o alvo dessa matança (como boa cristã, agradeço a isso todos os dias).
Ao tomarmos as rédeas de nossas vidas escolares rotineiras fomos obrigados a fechar os portões dos lugares santos do aprendizado, da informação fluída, das possibilidades, da troca, dos saberes. Chegou o dia marcado para que a barulheira e a algazarra dos corredores da escola cessassem e silenciados ficamos sem data para voltar.
Mas professor não se convence, é raça quase extinta por tanto desprezo e desvalorização, mas não se abate! Formamos um exército. Descobrimos que éramos professores em tempos de pandemia! Bastou! Arregaçamos as mangas, fomos à luta e visitamos lugares inimagináveis. Eu mesma seria cética se me dissessem que em dois anos teríamos que transformar o modelo escolar vigente num modelo virtual, e o que parecia inconcebível em anos, tornou-se real em quinze, vinte ou trinta dias.
Uma equipe de primeira linha que teve muita coragem, competência e expertise arregaçou as mangas colocando as mãos na massa! Equipe pedagógica reunida, técnicos dando conta da demanda pedagógica, diretores, coordenadores, pais, avós, todos unidos somando esforços para fazer acontecer.
Não posso ser juvenil e tampar o sol com a peneira, pois a realidade a qual me refiro diz respeito à minoria privilegiada que compõe o rol de alunos das escolas particulares. Sem serem culpados, são frutos do meio em que vivem e se estão à mercê da realidade privilegiada que os cerca, devem ser conscientizados que nossos privilégios devem ser do tamanho de nossa responsabilidade. Pois, acredito na verdade “Paulo Freiriana” que a educação não muda o mundo, ela transforma pessoas e pessoas é que são capazes de mudar e transformar o mundo. Se não o mundo enquanto cosmos, mas o meu mundo, o nosso mundo, o mundo que nos compete.
O mundo tão mudado rapidamente ficou mais humano! Começamos a sentir a dor do outro. A perda e a saudade de todos, tornaram-se nossas. Não se esqueça: aqui é uma professora que vos escreve e como tal, gosto de ver o copo meio cheio, o copo meio vazio não me interessa, não serve de nada a mim ou aos professores em tempos de pandemia. Professores estão acostumados a trabalhar no caos. No caos da fome, da miséria, da violência. É outro caos, mas caos é caos. Professor enfrenta o caos porque teme por seus pupilos. Professor olha além do caos.
Empresto de Lenine a ideia de que mesmo quando tudo pedia um pouco mais de calma, a vida não parou. Não podia parar! E nós, professores, compromissados que somos com a educação, não deixamos o desconforto das aulas síncronas ou assíncronas nos abater, fizemos acontecer com o que tínhamos, para tocar e alcançar cada aluno, nem o medo da exposição pelas câmeras abertas ou o julgamento de quem acompanhava a aula em casa, nos deteve. Foi o amor e a paixão (concebida no padecer por amor) que nos motivaram e demos um show! A “notícia nossa de todo dia”, trazendo tristeza e nós levamos alegria.
A guerra não acabou, mas a batalha 2020 foi encerrada com vitória! Estamos à espera de 2021, armados, uniformes passados e botas lustradas. Municiados com as ferramentas de uma educação dinâmica, repaginada e oxigenada composta pela excelência de todos os professores em tempos de pandemia. Certos que precisaremos continuar repensando a todo o tempo a educação, como célula viva e pulsante que ultrapassa as barreiras do caos. Prontos? Nunca. Capazes? Sempre.
Bárbara Uliana Menezes
Professora no Colégio Santa Amália – Saúde
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