Reflexão especial: A Escola falando

No dia 15 de março foi o meu aniversário. Não houve nenhuma comemoração, não houve bolo, parabéns, apresentações, cartazes, apenas um silêncio, um vazio. Eu Sou, verbo, porque sou ação em movimento, não sou um substantivo. Eu crio, eu invento, eu pesquiso, eu descubro.

Eu nasci para conviver com as pessoas, para ser um lugar de chegadas e partidas no seu devido tempo. Um lugar de muitos aprendizados, de trocas, um espaço da socialização, nos encontros e nos sentimentos mais motivacionais que possamos ter.

Amanheceu e ninguém mais veio me ver, ficamos distantes. Hoje, só me veem por meio do celular, computador, tablet, Ipad. Sinto falta dos abraços, das risadas, das discussões de grupos, dos corredores cheios de gente cantando, gritando, correndo, dos pais no portão. Sirene tocando entre uma aula e outra, alunos e professores correndo para as salas de aula. As brincadeiras, as atividades são a minha alma.

Eu sou colorida e a ausência de cor é encontrada nos diferentes espaços, onde o silêncio ocupou um espaço de destaque. Sinto falta do brilho nos olhares e sorrisos. Meu sentimento é de melancolia. Ah se esse pátio falasse… Agora está sem vida, à espera das vozes que não ouço e das pessoas que não vejo. Experiência triste, que dá um nó e um aperto no meu coração. O ensino pode ser remoto, mas eu jamais serei remota. A pandemia não nos distanciou nos aproximou, pois pela adversidade crescemos e nos reinventamos. Valeu pandemia, por tão grande aprendizado!

A palavra que mais me define hoje é Saudade. A tecnologia é minha melhor aliada, pois mata um pouquinho dessa saudade, deixando-me mais próxima de todos, mas não me substitui. Sou única, sou ímpar, sou aquela que sempre será lembrada, não importam quantos anos tenham passado, transformo vidas. EU SOU A ESCOLA!

“Importante na escola não é só estudar, é também criar laços de amizade e convivência”. (Paulo Freire)

Texto por: Maria Zélia Dias Miceli
Gestora Colégios Santa Amália-Gerente Executiva/Educação -Liga Solidária